quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

De vagabundo é o próprio mundo

O mito do trabalho seria a mortificação da vida? Por que se criminaliza tanto no Brasil a vagabundagem? Houve melhor momento de profunda personificação do que acontece no Brasil de hoje do que num tempo de vadiagem, o carnaval da Tuiuti? Desde priscas eras da nossa colonização, havia a criminalização da vadiagem. Porém, a criação artística,  literária, geralmente está associada ao tempo livre de nada fazer, de ser vagabundo. Alexandre, o Grande, existiria sem ter tido por preceptor um Aristóteles? Voltaire não seria um vagabundo das cortes européias sustentado, como muitos outros  gênios o foram, pelos diversos Mecenas da história? Sem Engels pra lhe dar suporte, Marx escreveria o Capital? Sem os sindicatos para mantê-lo, existiria o grande Lula? A palavra que mais enche a boca de um pobre de direita ou de um citibundo é a palavra vagabundo.  Mas que mal faria ao mundo, o vagabundo? Por que se deixar levar pelo sentimento de culpa que o avassala quando se não trabalha? Não, vagabundo, não se sintas nessa de acreditar piamente que terás de ter o pão com o suor do teu rosto. Mesmo porque se o pão de hoje tá longe de ser o que era no tempo de adão, quem ganha grana geralmente não trabalha e o suor do rosto mal lhe chega a testa nas salas refrigeradas de poder. Vagabundo? Acho que quando nos formos desta vida terrena finalmente o seremos: dignos vagabundos. De sitibundos a vagabundos, sem cismas da vagabundagem.

https://youtu.be/6hiSAFYOqgA

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