sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Riobaldo e Rita

Essa estória me foi contada pelo Tio Davis, de tal maneira que era ele que deveria tomar conta de seu conto, mas acho que Davis ficou encabulado de encher a caixa postal de vocês. De tal forma que, pra não deixar se perder a conversa, e antes que o Alzheimer me pegue, vou repassá-la como a entendi, ficando a veracidade, os nomes dos coadjuvantes e mais detalhes da distinta pro reconhecimento, ou não, de firma do Davis.
Pois bem, saíndo dos prolegômenos e indo aos conclusivos. Riobaldo gostava de Rita que não era muito chegado a ele, não. Mas Rita adorava sorvete de Bacuri, descobriu Riobaldo. E se deu o evidente: Riobaldo convidou Rita pra traçar um sorvete de Bacuri na sorveteria do Juarez. Rita, pelo sorvete e não por Riobaldo, aceitou. Combinaram dia e hora e Rio, que era assim que ele gostava de ser chamado, conseguiu levar Rita na garupa da moto.  Passearam na Beira-Mar, no sentido lato e estrito, pois viu as duas Iracemas, a mais nova, das pernas finas, e a mais velha, das pernas grossas. Quis parar no Mucuripe do Fagner/Belchior e pediu pra vida, vento, vela levá-lo pras areias brancas de lá. Mas Rita insistiu: vamos logo tomar o sorvete, Riobaaaldo!
Nosso herói, vendo que não podia mais prolongar a ágora (assembleia) dos dois, se mandou pro Juarez. Na quentura do sorvete, Rio pensou em avançar com gosto, até o palito. Já Rita, satisfeita na lambida do Bacuri, quis logo voltar pra casa que era moça dos bons costumes de Crateús, de chegar antes das 10 na pensão onde morava. Então que sairam no rumo da casa de Rita, embora Rio lamentasse pra si não ter podido esticar  a viagem ao menos até o Chão de Estrelas. Porém, respeitoso que era, rumou a moto conforme o pedido de Rita.
Contudo, ou pelo menos com uma parte, o reflexo do corpo trai o cidadão. Pois bem, ao se deparar com umas luzes vermelhas piscando, Rio foi traído: ligou a sinaleira pra entrar. E entrou. Rita, espevitada protestou: Riobaaaldo você tá num Motel, é? Ficou doido, é doido? A gente combinou que ia só tomar um sorvete de Bacuri, não foi, não? Riobaldo, entesando o corpo arrespostou: Foi, foi, foi, Rita. Mas você sabe muito bem... e, mirando o rumo dos pés, finalizou de bate-pronto: a Assembleia é soberana!
(por George Coelho)

Publicado na Quinta Filosófica do Davis
QuiNTa 492 (Ano XII, Setembro/2015)

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