terça-feira, 8 de julho de 2014

Gratulation Deutschland! Viva o Brasil!

Na vitória ou na derrota, amo o Brasil. É o meu país. Tenho orgulho dele. Muito orgulho, sim Senhor, ou Senhora. Se o Brasil tivesse ganho, estaria louvando o time aqui feito um maluco. Perdeu o Brasil. Perdeu, feio. Com o time que tem, e desfalcado de Neymar e Thiago Silva, abalado numa ansiedade, obrigação de vencer a qualquer custo e sem ter as necessárias qualidades futebolísticas nos pés, naufragamos desastradamente no Mineirão. Não apareceu o Amarildo.

E já se tinha feito muito, provavelmente muito mais do que merecia as nosssas qualidades atuais no futebol,  ao se chegar às semi-finais. O feio não foi a derrota. O feio foi a goleada e ver um time sem brio. Lembrou-me a semi-final da França em que derrotados entramos e o jogo só batizou os 3 a 0 do time de Zidanne em Paris de 1998. Hoje, a Alemanha venceu. Foi extraordinariamente melhor. Tem jogadores de excepcional qualidade como Neuer, Klose, Thomas Müller, Khedira, Özil, Kroos, Schweinsteiger..

Se no mundo do futebol, tudo é possível,  em termos de chances reais de vencer o time de Joachim Löw, pouquíssimas eram as nossas. Nunca pensei que o Brasil ganhasse a Copa. Chegar às semifinais passou do que eu esperava. Até antes do jogo, acreditava que a Alemanha fosse a futura Campeã dessa. Não estou mais certo disso. As goleadas são muito perigosas. Mesmo com a Alemanha que já tem experiências de vitórias massacrantes em lutas outras e que depois se mostraram vitórias pírricas.

Acho que o futebol substitui as guerras. A gente torce por uma fôrça paramilitar embandeirada e empresta a paixão pelo time como se dele dependesse a vida. E o futebol sendo assim, evita as guerras, porque o homem é por natureza um ser agressivo e o jogo sublima sua agressividade. Então que bendito seja o futebol. E sempre há o que se tirar das derrotas de todos os tipos. Elas são muito mais pródigas em aprendizado do que as vitórias. As vitórias mascaram os erros; as derrotas os deixam à flor da pele. Hoje, mostramos que não somos mais o país que teve um dia no futebol craques como Pelé, Garrincha, Didi, Romário, Zico, Sócrates... Amarildo. E o Amarildo não apareceu.

Não somos mais o país do futebol. Mas somos muito mais do que isso. Perdemos essa Copa e dói muito perdê-la do jeito que foi. A pior das goleadas sofridas por uma seleção brasileira. Ficará marcada esta partida no Mineirão talvez mais do que ficou marcada a de 1950 no Maracanã. Mas não creio que buscar culpados seja um gesto de grandeza, quem sabe o será de covardia. Em 1950, descontamos em cima do goleiro Barbosa que, segundo dizem, não mais saiu de casa quão envergonhado ficara. Porém penso que os torcedores da época é que teriam de ter vergonha de escolher um mártir pra ferrarem a dor que deveria ser de todos eles. 

Goleiros são profissões amargas. Júlio Cesar já pagou a vergonha de uma Copa perdida, continuaremos a martirizá-lo por mais essa? Se o fizermos, somos covardes, sim. Porque quando a seleção ganha, a gente, isto é só os normais, estufa o peito e diz Brasilll! Quando se perde tal qual um guerreiro perde uma guerra sendo morto na batalha, as balas ou baionetas rasgando-lhe o corpo, cabe a gente, isto é, só os normais, também gritar Brasilll? Morro fela-da-gaita, mas tu estás matando um homem.

Perdemos um jogo, que não é uma guerra, mas uma alegoria, uma sublimação dela guerra. Jogo, onde nele se extravasa nosso humano ardor bélico, nossa animosidade, nossa ancestralidade primitiva de competir com a morte. Ainda bem que se tem o futebol. E ele é belíssimo porque sem ele futebol, provavelmente guerrearíamos mais. Mataríamos de vera, morreríamos de morte matada. Olha aí, gente boa! Continuamos vivos! Só perdemos em campo de bola. Perdemos pra brava e competente Alemanha. Em campo de futebol, feito pelada, sim. Mas cada derrota é um motivo de aprendizagem. As derrotas engrandecem a quem delas sabe tirar proveito bom.

Duro mesmo é perder em lutas de verdade onde há mortes. Os alemães, também neste caso, nos dão esse notável exemplo de superação. Eles sofreram muito mais. Perderam uma Copa em 1998, dentro de casa, na Alemanha, justo nas semi-finais para a Itália. Mas perderam de vera foi em campo minado de guerras de verdade. Cidades belas suas destruidas. Marcas indeléveis da morte. Perderam no front de duas guerras mundias. Nós, não, só perdemos em campo de bola. Aprenderam notavelmente os alemães. Aprenderemos nós. Parabéns aos germanos por mais essa belíssima vitória! Viva o Brasil e os brasileiros!

George Alberto

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