domingo, 29 de setembro de 2013

O frito de capão

Ainda vou levar um frito de capão mais farofa de mandioca, feito no tempero do alho, óleo, vinagre, coloral e pimenta do reino, prum avião. Jogo o danado dentro de uma lata e saio num desses vôos famélicos pelas nuvens.
Passar na televisão alcaguete da guarda não deve de ser problema, não. Que é que o Senhor tá levando aí nessa lata, gente boa? Um frito de capão, autoridade. Capão? Sim, frito de galo capado pra engorda. Vige que deve tá bom danado! Pode passar, distinto, mas não abra a lata no voo, não, que é proibido. Tá certo, Seu major, sou todo obediência. 
Já imaginei, contrariar o prometido. Ia desobedecer a ordenança num voo pra Brasília com minha saudosa mãe, que fazia um frito desses de dar água na boca em qualquer cristão. Herdei o receituário dela e até gravei num vídeo-teipe. Imagino que, no destampar da lata, o cheiro gostoso do frito logo, logo se espalhasse no avião da companhia e chegasse até a cabine do piloto. 
Decerto, que o comandante, enfastiado da viagem, e gostando do cheiro da comida, chamasse uma comissária bonitona e, por ela, imploraria um pedaço de pescoço ou de coxa (do capão) mais a farofa amarelosa. Ora se pediria! Qual é o comandante de avião que aguenta amendoim servido em voo todo dia? Ainda mais, se tendo um cheiro de frito de capão com farofa exalando no ar. Pense num frito concorrido! Passageiro esperto, nem duvido, fosse disputar à tapa com a tripulação no pedir uma moela, uma asa, um sobre do capão. 
Me aguarde, Zé, promessa é dívida. O capão vai avoar.

  George
   
Mote:



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