quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Cocó e os discursos vazios

Transtorno pra cidade, essa briga por holofotes de liminares sem futuro. Está parecendo com a arenga política do estaleiro que acabou indo, com seus empregos todos, pra Pernambuco. O que sobrou da última quizila, depois da promessa da prefeita Loura, que o Titanzinho seria urbanizado como polo turístico na cidade etcetera, muita conversa furada e tal? Nada, somente uma área pública privatizada, invadida dessa vez pela população mais pobre ou talvez mais safa. Que não tem gente sabida só entre os que tem mufunfa, não. De tal sorte que só quem é doido, não sendo morador dali, Titanzinho, se arriscaria a pegar um jacaré, ou melhor, um surf em suas ondas? Só se for pra ser depenado com prancha e tudo. Que praia ali não tem essa de acesso pra todo mundo, não.

Assim, me preocupa o destino das verbas dos viadutos do Cocó. Ora, caso o quiproquó não se resolva logo, a grana será devolvida à União que a repassará, inexoravelmente, pra outros estados, que ninguém é tão besta por aí como a gente daqui tá parecendo ser hoje. Enquanto isso, a caatinga do Ceará é arrasada pra venda de lenha; a foz do Rio Ceará com o seu mangue, nascedouro histórico de Fortaleza, também, e não vejo o Ministério Público tomar quaisquer providências contra tais crimes. Se é por dano ambiental, no caso dos viadutos, por que não se contabiliza estudos já feitos sobre o monóxido de carbono aspirado pelos pulmões de quem trafega hoje na avenida Washingthon Soares por causa dos carros se arrastando a passos de tartaruga? Transito lento que gera despesas não apenas pra quem tem carro, mas pra quem usa onibus, pois se demora a chegar ao destino, e pra nação que tem de arcar com reservas escassas pra comprar o petróleo queimado inutilmente.

Decisões judiciais do tipo não deveriam ser tomadas desprezando os aspectos técnicos da situação. Não se pode judicializar questões assim com viés de politicagens. Tem-se de ver os interesses maiores da população e não só de grupos políticos. Pra que servem argumentos solitários, fracos como cado de bila, de que derrubadas não foram só as X castanholeiras da índia, mas também leucenas, palmeiras orientais e outras árvores, tão exóticas e alheias ao mangue quanto exótico e alheio à cidade é o Jardim Japonês de demorada e imprestável construção fincado na Beira-Mar pra atender, segundo dizem, os desejos de um filho de emigrante oriental? E o dinheiro público ali foi gasto vigorosamente pra atender obra sem serventia, de gosto exótico e duvidoso, sem protesto nenhum dos que hoje se autoproclamam salvadores do verde da cidade?

O que deveria importar na licença ambiental dada é o pequeno tamanho da área desmatada, constituída de árvores invasoras, tão brasileiras quanto o é Dona Angela Merkel, a chanceler alemã. Uma área ínfima em relação aos grandes desmatamentos feitos até recentemente nas cercanias, inclusive nas biqueiras do rio Cocó, realizados, estes sim, com objetivos privados, para os quais os órgãos públicos, os partidos políticos, a Justiça em geral, silenciaram inexplicavelmente.

 

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