segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sr. Prefeito, bom dia!

Graciliano Ramos

Sr. Prefeito de Fortaleza,
Bom dia!
Que a paz e os bons propósitos estejam com o Senhor!
Parabéns por ter vencido a eleição. Poderia questionar os métodos utilizados por V.Sa. no processo eleitoral, mas muito de ruim ou bom deles está impregnado na política brasileira, inclusive podem ter sido usados por seu oponente. Como há de compreender, não votei no Senhor, nem tampouco no seu adversário que a minha crença não sobrou pra nenhum dos dois. Mas diferentemente do que geralmente se pensa, não é só quem vota em político eleito que tem o direito de cobrar sua administração. Afinal, todos os cidadãos pagam, ou deveriam pagar, impostos e é com o dinheiro deles que os administradores públicos fazem suas obras. 
Durante a campanha pra prefeitura de Fortaleza, o Senhor fez promessas muito interessantes. Permita-me lembrá-lo onde encontrá-las, no caso muito improvável do Senhor esquecê-las. No link último abaixo ali estão elas: as prometidas. Se cumpridas, seguramente o Senhor será considerado um dos melhores, ou talvez, o melhor prefeito de Fortaleza. De tal forma, que o Senhor tem a oportunidade ímpar de escrever seu nome no rol minguado dos grandes políticos da terrinha, porque a quase totalidade deles não dá bolas pras promessas derramadas ao povo. 
Mas, de fato, se o Senhor me perguntasse se acredito integralmente em suas promessas, diria que não, apesar de, sinceramente, desejar estar enganado. Por outro lado, eu me daria por muito satisfeito se, no fim do seu mandato, o Senhor fizesse um relatório seco, crú, simples, sem delongas de suas realizações e porque não fez outras prometidas; do dinheiro que a Prefeitura recebeu, de quanto gastou com cada coisa; se está funcionando etc. Não é coisa do outro mundo. Veja, como exemplo, o relatório elaborado pelo escritor Graciliano Ramos, nascido há 120 anos e um dia antes do dia da eleição do Senhor. Ele foi prefeito de Palmeira dos Índios nas Alagoas. No final de sua gestão, em 1930, o escritor assim prestou contas aos votos que o elegeram.
Obrigado por sua atenção e boa sorte Prefeito!
George Alberto de Aguiar Coelho



Sr. Governador.
Esta exposição é talvez desnecessária. O balanço que remeto a V. Ex.a mostra bem de que modo foi gasto em 1929 o dinheiro da Prefeitura Municipal de Palmeira do Índios. E nas contas regularmente publicadas há pormenores abundantes, minudência que excitaram o espanto benévolo da imprensa.
Isto é, pois, uma reprodução de fatos que já narrei, com algarismo e prova de guarda-livros, em numerosos balancetes e nas relações que os acompanharam.
RECEITA – 96:924$985
No orçamento do ano passado houve supressão de várias taxas que existiam em 1928. A receita, entretanto, calculada em 68:850$000, atingiu 96:924$985.
E não empreguei rigores excessivos. Fiz apenas isto: extingui favores largamente concedidos a pessoa que não precisavam deles e pus termo à extorsões que afligiam os matutos de pequeno valor, ordinariamente raspados, escorchados, esbrugados pelos exatores.
Não me resolveria, é claro, a pôr em prática no segundo ano de administração a eqüidade que torna o imposto suportável. Adotei-a logo no começo. A receita em 1928 cresceu bastante. E se não chegou à soma agora alcançada, é que me foram indispensáveis alguns meses para corrigir irregularidades muito sérias, prejudiciais à arrecadação.
DESPESA – 105:465$613
Utilizei parte das sobras existentes no primeiro balanço.
ADMINISTRAÇÃO – 22:667$748
Figuram 7:034$558 despendidos com a cobrança das rendas, 3:518$000 com a fiscalização e 2:400$000 pagos a um funcionário aposentado. Tenho seis cobradores, dois fiscais e um secretário. Todos são mal remunerados.
GRATIFICAÇÕES – 1:560$000
Estão reduzidas.
CEMITÉRIO – 243$000
Pensei em construir um novo cemitério, pois o que temos dentro em pouco será insuficiente, mas os trabalhos a que me aventurei, necessários aos vivos, não me permitiram a execução de uma obra, embora útil, prorrogável. Os mortos esperarão mais algum tempo. São os munícipes que não reclamavam.
ILUMINAÇÃO – 7:800$000
A Prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou um contrato para o fornecimento de luz. Apesar de ser o negócio referente à claridade, julgo que assinaram aquilo às escuras. É um bluff. Pagamos até a luz que a lua nos dá.
HIGIENE – 8:454$190
O estado sanitário é bom. O posto de higiene, instalado em 1928, presta serviços consideráveis à população. Cães, porcos e outros bichos incômodos não tornaram a aparecer nas ruas. A cidade está limpa.
INSTRUÇÃO – 2:886$180
Instituíram-se escolas em três aldeias. Serra da Mandioca, Anum e Canafístula. O Conselho mandou subvencionar uma sociedade aqui fundada por operários, sociedade que se dedica à educação de adultos. 
Presumo que esses estabelecimentos são de eficiência contestável. As aspirantes a professoras revelaram, com admirável unanimidade, uma lastimosa ignorância. Escolhidas algumas delas, as escolas entraram a funcionar regularmente, como as outras.
Não creio que os alunos aprendam ali grande coisa. Obterão, contudo, a habilidade precisa para ler jornais e almanaques, discutir política e decorar sonetos, passatempos acessíveis a quase todos os roceiros.
UMA DÍVIDA ANTIGA – 5:210$000
Entregaram-me, quando entrei em exercício, 105$858 para saldar várias contas, entre elas uma de 5:210$000, relativa a mais de um semestre que deixaram de pagar à empresa fornecedora de luz.
VIAÇÃO E OBRAS PÚBLICAS – 56:644$495
Os gatsos com viação e obras públicas foram excessivos. Lamento, entretanto, não me haver sido possível gastar mais. Infelizmente a nossa pobreza é grande. E ainda que elevemos a receita ao dobro da importância que ela ordinariamente alcançava, e economizemos com avareza, muito nos falta realizar. Está visto que me não preocupei com todas as obras exigidas. Escolhi as mais urgentes.
Fiz reparos nas propriedades do Município, remendei as ruas e cuidei especialmente de viação.
 Possuímos uma teia de aranha de veredas muito pitorescas, que se torcem em curvas caprichosas, sobem montes e descem vales de maneira incrível. O caminho que vai a Quebrangulo, por exemplo, original produto de engenharia tupi, tem lugares que só podem ser transitados por automóvel Ford e lagartixa. Sempre me pareceu lamentável desperdício consertar semelhante porcaria.
ESTRADA PALMEIRA A SANTANA
Abandonei as trilhas dos caetés e procurei saber o preço duma estrada que fosse ter a Sant’Ana do Ipanema. Os peritos responderam que ela custaria aí uns seiscentos mil-réis ou sessenta contos. Decidi optar pela despesa avultada.
Os seiscentos mil-réis ficariam perdidos entre os barrancos que enfeitam um caminho atribuído ao defunto Delmiro Gouveia e que o Estado pagou com liberalidade: os sessenta contos, caso eu os pudesse arrancar ao povo, não serviriam talvez ao contribuinte, que, apertado pelos cobradores, diz sempre não ter encomendado obras públicas, mas a alguém haveriam de servir. Conheci os trabalhos em janeiro. Estão prontos vinte e cinco quilômetros. Gastei 26:871$930.
TERRAPLENO DA LAGOA
Este absurdo, este sonho de louco, na opinião de três ou quatro sujeitos que sabem tudo, foi concluído há meses.
Aquilo, que era uma furna lôbrega, tem agora, terminado o aterro, um declive suave. Fiz uma galeria para o escoamento das águas. O pântano que ali havia, cheio de lixo, excelente para a cultura de mosquitos, desapareceu. Deitei sobre as muralhas duas balaustradas de cimento armado. Não há perigo de se despenhar um automóvel lá de cima.
O plano que os técnicos indígenas consideravam impraticável era muito mais modesto.
Os gastos em 1929 montaram a 24:391$925.
SALDO – 2:504$319
Adicionando-se à receita o saldo existente no balanço passado e subtraindo-se a despesa, temos 2:504$319.
2:365$969 estão em caixa e 138$350 depositados no Banco Popular e Agrícola de Palmeira.
PRODUÇÃO
Dos administradores que me precederam uns dedicaram-se a obras urbanas; outros, inimigos de inovações, não se dedicaram a nada.
Nenhum, creio eu, chegou a trabalhar nos subúrbios.
Encontrei em decadência regiões outrora prósperas; terras aráveis entregues a animais, que nelas viviam quase em estado selvagem. A população minguada, ou emigrava para o Sul do País ou se fixava nos municípios vizinhos, nos povoados que nasciam perto das fronteiras e que eram para nós umas sanguessugas. Vegetavam em lastimável abandono alguns agregados humanos.
E o palmeirense afirmava, convicto, que isto era a princesa do sertão. Uma princesa, vá lá, mas princesa muito nua, muito madraça, muito suja e muito escavada.
Favoreci a agricultura livrando-a dos bichos criados à toa; ataquei as patifarias dos pequeninos senhores feudais, exploradores da canalha; suprimi, nas questões rurais, a presença de certos intermediários, que estragavam tudo; facilitei o transporte; estimulei as relações entre o produtor e o consumidor.
Estabeleci feiras em cinco aldeias: 1:156$750 foram-se em reparos nas ruas de Palmeira de Fora.
Canafístula era um chiqueiro. Encontrei lá o ano passado mais de cem porcos misturados com gente. Nunca vi tanto porco.
Desapareceram. E a povoação está quase limpa. Tem mercado semanal, estrada de rodagem e uma escola.
MIUDEZAS
Não pretendo levar ao público a idéia de que os meus empreendimentos tenham vulto. Sei perfeitamente que são miuçalhas. Mas afinal existem. E, comparados a outros ainda menores, demonstram que aqui pelo interior podem tentar-se coisas um pouco diferentes dessas invisíveis sem grande esforço de imaginação ou microscópio.
Quando iniciei a rodovia de Sant’Ana, a opinião de alguns munícipes era de que ela não prestava porque estava boa demais. Como se eles não a merecessem. E argumentavam. Se aquilo não era péssimo, com certeza sairia caro, não poderia ser executado pelo Município.
Agora mudaram de conversa. Os impostos cresceram, dizem. Ou as obras públicas de Palmeira dos Índios são pagas pelo Estado. Chegarei a convencer-me de que não fui eu que as realizei.
BONS COMPANHEIROS
Já estou convencido. Não fui eu, primeiramente porque o dinheiro despendido era do povo, em segundo lugar porque tornaram fácil a minha tarefa uns pobres homens que se esfalfam para não perder salários miseráveis.
Quase tudo foi feito por eles. Eu apenas teria tido o mérito de escolhê-los e vigiá-los, se nisto houvesse mérito.
MULTAS
Arrecadei mais de dois contos de réis de multas. Isto prova que as coisas não vão bem.
E não se esmerilharam contravenções. Pequeninas irregularidades passam despercebidas. As infrações que produziram soma considerável para um orçamento exíguo referem-se a prejuízos individuais e foram denunciadas pelas pessoas ofendidas, de ordinário gente miúda, habituada a sofrer a opressão dos que vão trepando.
Esforcei-me por não cometer injustiças. Isto não obstante, atiraram as multas contra mim como arma política. Com inabilidade infantil, de resto. Se eu deixasse em paz o proprietário que abre as cercas de um desgraçado agricultor e lhe transforma em pasto a lavoura, devia enforcar-me.
Sei bem que antigamente os agentes municipais eram zarolhos. Quando um infeliz se cansava de mendigar o que lhe pertencia, tomava uma resolução heróica; encomendava-se a Deus e ia à capital. E os Prefeitos  achavam razoável que os contraventores fossem punidos pelo Sr. Secretário do Interior, por intermédio da polícia.
REFORMADORES
O esforço empregado para dar ao Município o necessário é vivamente combatido por alguns pregoeiros de métodos administrativos originais. Em conformidade com eles, deveríamos proceder sempre com a máxima condescendência, não onerar os camaradas, se rigorosos apenas com os pobre-diabos sem proteção, diminuir a receita, reduzir a despesa aos vencimentos dos funcionários, que ninguém vive sem comer, deixar esse luxo de obras públicas à Federação, ao Estado ou, em falta destes, à Divina Providência.
Belo programa. Não se faria nada, para não descontentar os amigos: os amigos que pagam, os que administram, o que hão de administrar. Seria ótimo. E existiria por preço baixo uma Prefeitura bode expiatório, magnífico assunto para commérage de lugar pequeno.
POBRE POVO SOFREDOR
É uma interessante classe de contribuintes, módica em número, mas bastante forte. Pertencem a ela negociantes, proprietários, industriais, agiotas que esfolam o próximo com juros de judeu.
Bem comido, bem bebido, o pobre povo sofredor quer escolas, quer luz, quer estradas, quer higiene. É exigente e resmungão.
 Como ninguém ignora que se não obtém de graça as coisas exigidas, cada um dos membros desta respeitável classe acha que os impostos devem ser pagos pelos outros.
PROJETOS
Tenho vários, de execução duvidosa. Poderei concorrer para o aumento da produção e, conseqüentemente, da arrecadação. Mas umas semanas de chuva ou de estiagem arruínam as searas, desmantelam tudo – e os projetos morrem.
Iniciarei, se houver recursos, trabalhos urbanos.
Há pouco tempo, com a iluminação que temos, pérfida, dissimulavam-se nas ruas sérias ameaças à integridade das canelas imprudentes que por ali transitassem em noites de escuro.
Já uma rapariga aqui morreu afogada no enxurro. Uma senhora e uma criança, arrastadas por um dos rios que se formavam no centro da cidade, andaram rolando de cachoeira em cachoeira e danificaram na viagem braços, pernas, costelas e outros órgãos apreciáveis.
Julgo que, por enquanto, semelhantes perigos estão conjurados, mas dois meses de preguiça durante o inverno bastarão para que eles se renovem.
Empedrarei, se puder, algumas ruas.
Tenho também a idéia de iniciar a construção de açudes na zona sertaneja. Mas para que semear promessas que não sei se darão frutos? Relatarei com pormenores os planos a que me referia quando eles estiverem executados, se isto acontecer.
Ficarei, porém, satisfeito se levar ao fim as obras que encetei. É uma pretensão moderada, realizável. Se não realizar, o prejuízo não será grande.
O Município, que esperou dois anos, espera mais um. Mete na Prefeitura um sujeito hábil e vinga-se dizendo de mim cobras e lagartos.
Paz e prosperidade.
Palmeira dos Índios, 11 de janeiro de 1930.
GRACILIANO RAMOS

Fontes: 

sábado, 27 de outubro de 2012

A imprensa americana e a brasileira


A imprensa americana está a muitas léguas de distância à frente da nossa. New York Times, por exemplo, pra apoiar Obama, o faz abertamente e explicita razões objetivas: políticas de saúde, economia, relações internacionais, suprema corte e direitos humanos. Aqui, por trás de um apoio dissimulado, sempre há interesses paroquiais defendidos pelas famílias proprietárias, quando não, por exemplo, no caso do maior magazine semanal, deixam um bandido declarado, o meliante Cachoeira, implantar suas capas e ditar notícias. Penso que há um horizonte alvissareiro: a internet. Pela rapidez com que dá a notícia e, principalmente, com a possibilidade do leitor descobrir várias versões e opiniões sobre um mesmo fato de diversas fontes, a internet fará tal imprensa melhorar ou sucumbir de vez pela falta de credibilidade. 

George Alberto de Aguiar Coelho

Fonte:

A Índia e o Ceará


Olhando o cartoon (charge) da Índia, no link logo abaixo,me lembrei das eleições de Fortaleza. Como a política brasileira anda sofrível! Eleições pra prefeito de Fortaleza. Se um é candidato acusado de mandar bater em professores e de ter o papel de continuar o projeto de uma oligarquia política no Ceará, talvez só igual a da época da oligarquia dos Acciolys: a oligarquia do Babaquara. O outro, um poste, veio pra defender e continuar o modelo e a forma de um governo personalista, trapalhão e irresponsável. Ambos candidatos teleguiados, autômatos. Ambos sem luz, sem história. O primeiro parece marionete do governador. Governador que quando se refere às obras feitas pelo Estado, sempre com a maior parte dos recursos vinda do governo federal, diz: Eu fiz isso; Eu concedi isso; Eu vou fazer aquilo. É ver um rei Luis XIV tupiniquim quando dizia: "L´état cést moi" (O estado sou eu). Mistura a res (coisa) pública com a vaidade e o sentimento de poder. O outro governante, no caso, a outra e, pra dar continuidade ao pronome, como diz o outro: parece ter o rei na barriga e não menos vaidade na cabeça. E assim de tão fraco tá a nossa política, que deixei de lhe dar atenção.

 De tal maneira, que peço desculpas as cinzas de Bertold Brecht, teatrólogo do dito: "O pior analfabeto é o político; ele é o responsável pelo pão ausente na mesa etc". Porém, infelizmente, cada vez mais, sinto que o ditado popular: política, futebol e religião não se discutem; e eu acrescento ser, as três coisas, apenas questão de fé e interesse próprio ou partidário. Pois bem, esse ditado pra mim está bem próximo ao que penso hoje. Mas não há saída pra quem quer descer do mundo. Ele não pára e nos deixa tonto com suas voltas ligeiras. De tal forma que, mesmo saindo das igrejinhas da paróquia, pois fui procurar os templos e favelas indianas talvez pra aprofundar um pouco meu ser contemplativo, continuei com se aqui estivesse. De nada serviu minhas ciber-andanças. A Índia é país muito parecido com o nosso. De tão parecido somos que nos chamaram, nos tempos em que éramos terceiro-mundo, de Belíndia. 

E num jornal indiano vi, numa charge, talvez o nosso futuro, embora espere estar enganado. Na charge, que ora vos apresento, estão os nossos dois distintos candidatos. Não hoje, mas daqui a 30 anos. Pra mim a charge indiana é a representação simbólica futura dos dois políticos cabeças-chatas que ora disputam a eleição. Será que daqui a 30 anos os veremos ainda, nas mesmas favelas, evidentemente só em dias de eleições, com o mesmo discurso de hoje? 

George Alberto de Aguiar Coelho


Mote:

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Apagão no Nordeste e os políticos

Algo vai mal em nosso sistema elétrico. Algo vai muito mal na política brasileira.
Quando aqui em Fortaleza, no bairro onde moro, frequentemente ocorrem apagões por conta de transformadores subdimensionados e a concessionária de energia, que dizem ser considerada uma das melhores do país (imaginem as demais), não resolve o problema. Não resolve, mesmo tendo a gente brasileira de amargar pagamentos de tarifas elétricas, uma das mais caras do mundo, quando temos, como nenhum outro país, usinas hidrelétricas fartas e baratas. E à nossa disposição, pra mais usinas, rios que não param de correr céleres e volumosos. 
É só  esperar pra ver. Quando ocorrem apagões como o que ocorreu ontem em todo o Nordeste, sempre vem um político, o atual é da herança Sarneyista, à frente do Ministério das Minas e Energia, explicá-lo: que não é bem assim, gente boa, que é um problema pontual, foi um raio que partiu... que não sei o quê mais... 
Porém, no fundo, no fundo do imbróglio, sabem qual é o problema, que é parte dos maiores problemas nacionais? É que, aos cargos públicos de comando do poder executivo, não se lhes alçam gente por sua competência, mas como moeda de troca pra partidos políticos que, só assim, dão apoio aos governos de plantão. Não só este, mas os governos precedentes também, todos eles. Tudo gira em troca da remuneração, o por fora, cobrado por parlamentares, que não merecem o nome, pra apoiar governos. 
Apoiar governos é a fonte das compras de votos pra mais um ano de Sarney no poder; pra que se propiciem escândalos como o dos anões do orçamento; pra emenda constitucional de reeleição do príncipe tucano; pras privatizações açodadas e espúrias tucanas, feitas a preço de banana de nossas maiores empresas públicas; dos mensalões tucanos e petistas; pras marmotas e esquisitices de monta no rodoanel paulista; pra entrega petista do pré-sal a um único sortudo megaempresário de encantadores olhos e poderes mágicos só assemelhados aos de Midas; dos fartos cachoeirais a inundar os bolsos de muitas Excelências de vários matizes partidárias por esse Brasil varonil; da falta de dinheiro nos hospitais e nas escolas etc. 
Se elegemos deputados, senadores, vereadores, os elegemos pra ficarem nas câmeras legislativas cuja função maior é fazer leis e fiscalizar a execução do orçamento etc. Contudo, não fazem leis, pelo menos as necessárias e brincam de fiscalizar o executivo, mas adoram se meter nos postos de comando deste poder. De fato, as mais importantes leis, haja aberração, quem faz mesmo é o executivo. E quando algum parlamentar denuncia uma falcatrua do governo, quase sempre não o faz por interesse público e, sim, por interesse pessoal ou partidário.

Oh! Distintas figuras impolutas do legislativo! Não elegemos Vossas Excelências pra indicar políticos a cargos públicos, ou mesmo pra ocupá-los em pessoa. Legislativo é só pra legislar e fiscalizar o governo. Só isso.

George Alberto de Aguiar Coelho

Fonte:

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Cidade encontrada no fundo do oceano no triângulo das bermudas

Pesquisadores canadenses, liderados por Paul e Pauline Vayntsveyga Zalitski, descobriram uma cidade submersa no Triângulo das Bermudas. Um robô especial fez imagens de ruínas antigas, o que sugeriria ser a Atlântida - o lendário continente submerso.


O grupo de pesquisa liderado por Paul e Pauline Vayntsveyga Zalitski descobriram as ruínas da cidade, a 700 metros (?) a leste da costa norte de Cuba. Nas fotografias tiradas por um robô são vistos edifícios monumentais,  incluindo uma pirâmide gigante de quatro faces. Numa dos edifícios, aparece um edifício de vidro. Além disso, os pesquisadores descobriram uma escultura parecida com uma esfinge, e várias enormes placas gravadas.

Conforme os especialistas, esses prédios pertencem ao período pré-clássico do Caribe e da história da América Central. Habitavam esta cidade da mesma forma que os habitantes de Teotihuacán (cidade antiga, localizada a 50 quilômetros de Cidade do México, sua idade, há cerca de dois mil anos).

Mas quanto as ruínas da cidade descoberta serem da Atlântida? Características arquitectónicas dos edifícios achados indicam que a cidade foi construída por antigos índios, pelo menos há dois mil anos atrás. Enquanto Atlântida, de acordo com a menção do antigo filósofo grego Platão, desapareceu no século 10 a.C. Segundo a lenda, ela teria sido destruída por enchentes, terremotos e erupção vulcânica.

Tradução e adaptação do texto em russo do link abaixo por George Coelho, com a ajuda inestimável e quase integral do Google tradutor.

Fonte:

Achei muito estranha a notícia. Principalmente por serem os supostos vestígios não tão muito velhos: 2000 anos presumíveis. Por outro lado, os destroços do Palácio  de Cleópatra e os restos do farol de Alexandria, no Egito, foram recentemente descobertos nu fundo do mar mediterrâneo, próximas à costa. No caso da notícia, os vestígios estariam a 700 metros da costa cubana.  Provavelmente, também sucumbiram a terremotos, dizem os historiadores. Mais estranha ainda é a história do edifício de vidro. Os construtores teriam a tecnologia de fabricação do vidro? Vamos aguardar as notícias de nossa televisão, que geralmente chegam tardias. De qualquer forma, fantasiosa, ou não, noticias do tipo nos encantam. 
George AA Coelho

Nota: Segundo o Wikipédia: Teotihuacan foi sede da civilização Clássica no Vale do México (o período clássico vai de 292 a.C. até ao ano 900). O primeiro povoado data do ano 600 a.C.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

É o que acontece com quem reage


Jovem morre vítima de latrocínio em Higienópolis e o ladrão diz: ‎"É o que acontece com quem reage". Quanta safadeza desse assassino frio! É, sim, o que deveria acontecer com um criminoso ladrão perverso desses que mata uma inocente em plena flor da vida, 15 anos, e ainda tenta dar explicações imbecis pelo ato monstruosamente covarde. Daqui a pouco, à solta, continuará a matar mais inocentes porque cadeia não resolve a mente escrota de indivíduos desses pois, mesmo da prisão, estará elucubrando maldades por si ou com a ajuda nefasta de outros elementos soltos, igualmente escrotos, teleguiados por celulares contrabandeados a bel prazer e à custa de cigarros e mais não sei quê para as prisões. O estado brasileiro teria de dar fim com legitimidade e legalidade a meliantes do tipo, carecendo que mesmo pra isso se fizesse uma nova constituição pois, nesta, a pena de morte não é permitida, infelizmente, nestes casos brutais, nem por emenda. Duvido que na China um cara desses tenha futuro.
George Alberto de Aguiar Coelho

Fonte:

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A biblioteca de Alexandria dos dias de hoje.


Foto: Google.com

Certo é que se acha tudo no Google hoje em dia,
Com um toque, mil links em disponibilidade,
Pro vivente, habitante no campo ou na cidade,
É o avanço mais moderno da tecnologia,
Mas nada disso retira do livro a magia,
Simplicidade, beleza e portabilidade,
O livro é o velho fiel das engenhosidades,
Se leva pra rede, banheiro, sala e sacristia,
Livro é pra se ver, ler, cheirar, sentir com empatia
E por isso o livro tem tanta popularidade.

George Alberto de Aguiar Coelho


Fontes:
http://news.zn.ua/TECHNOLOGIES/google_pokazal,_kak_vyglyadit_internet_iznutri__video-110548.html
http://caatingas.blogspot.com.br/2011/08/livros.html

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mataram o major

Ano da graça de 1841. E o Major foi quem pagou o pato. Sacada da casa por riba da Rua da Palma, esquina mais a das Flores. A mulher viu um lume na construção da frente e desconfiou: 
- É bacamarte negando fogo, por Deus do céu, bora entrar Major! 
Deu tempo não. Tiro veio certeiro, bem na testa do marido. Esperado que era vingança prometida. Major vinha mesmo era de sorte. Pelo menos que antes escapara de duas emboscadas. Uma foi na rua da Ponte, a outra, na praça Carolina. Duvide não Senhor... é só ver ele lá emparedado na igreja do Rosário com placa de homenagem e letra saudosa da esposa. Divulgue bem que o sucedido se deu na Rua Nova Del Rei que virou Rua da Palma e, bem mais tarde, Rua Major Facundo.
Adispois que declararam D. Pedro maior de idade, o Major foi o primeiro presidente da província do Ceará. Coisa de causar inveja muita no Partido Conservador que dava as cartas antes, na regência do Feijó. Negócio que a Assembléia inchou contra o Major arrochando o presidente da Casa, Castro e Silva, que aliado ele era do Major. Reclama disso, daquilo, têtêtê, tititi, tátátá...  Buliram de tudo. O Presidente, escorrega daqui, alisa ali, feito bicho ensebado arranjando prumo. Aí veio uma votação perigosa pro seu lado. Teve conversa não. Mandou botar tártaro nas quartinhas d´água da Casa e cochichou pros Liberais:
-Tomem dessa água não, meu povo, deixa pros coisa ruim.
Foi caco de deputado Conservador inutilizado das tripas que deu de desconfiar da natureza justa da refrega. Burburinho só: 
- Os Liberais envenenaram a Assembléia. 
Entonce que o manda-chuva do Icó, Zé Agostinho, coronel de milícia afamado, foi um dos que tomou da água batizada pelo Castro e Silva: mijou sangue e entrevou dos quartos. Sem outra serventia, que o homem era reimoso, Zé Agostinho, morre não morre, estirou-se numa rede carregada por jagunços dele e se mandou pras bandas do Icó aventurar cura.  Conta a história que, na travessia, o Coronel, passou pelo sítio Curió, na Paupina, e prometeu ao dono, bisavô do escritor Gustavo Barroso:
- Dessa bem certo que não escapo, não; mas o Facundo também se acaba.
Sucedeu que se findou o Major Facundo, escapou o Coronel Zé Agostinho e os Conservadores voltaram ao poder.
Serene aí Seu Ministro que beirou o fim dessa história, mas tem mais outras, o que é de trás vai pra frente, feito bola rolando. Vosmicê quer água de pote? Seu criado aqui traz um caneco. Quer não? Por que não, home de Deus?

George Aberto de Aguiar Coelho

Os malacas do primeiro-mundo


Lembrando o furto de quadros recente do MASP - Museu de Arte de São Paulo, a gente pensa que essas coisas de marginais só existem no Brasil, que somos incompetentes pra combatê-los etc. Não se lembra, por exemplo, que os quadros do MASP foram recuperados eficientemente pela polícia: O Retrato de Suzanne Bloch, de Picasso e O Lavrador de Café, de Portinari. Porém, quando algo de terceiro-mundo, palavra composta que gostamos de pronunciar porque até há pouco, quando não fazíamos parte dos BRIC´s éramos, brasileiros, vistos assim e assim nos víamos. Pois bem, quando algo de terceiro--mundo ocorre aos países primeiro-mundistas, dá pra sacar que o complexo de vira-latas, evocado como nosso modo de sentir canino, pela primeira vez, por Nelson Rodrigues, ao ver o comandante Bellini levantar a taça Jules Rimet de 1958; o complexo de vira-latas dá uma refreada. Aí podemos sentir que não somos só nós que convivemos com a esperteza dos malacas. Nossos colonizadores também tem os malacas deles. 
George Alberto de Aguiar Coelho

Fonte:

Debate II: Obama versus Romney

No debate de ontem à noite, Obama parece ter se recuperado do fiasco que concedeu na primeira peleja com Mitt Romney. Ainda bem, porque se o republicano vence as eleições americanas, e dadas as suas posições públicas de apoio incondicionado à Israel das duzentas e lá vai pedra bombas atômicas, numa verborrágico discurso à política do do "big stick" de Theodore Roosevelt, a gente pode ver o mundo se incendiar de vez. Muito embora,  hoje se tenha a China pra equilibrar um pouco o mundo, papel da antiga URSS no passado. Sem falar que Romney esconde com boa oratória aquele ranço messiânico de quem se julga ungido pelos céus. Ranço que levou o seu parceiro de partido Bush Júnior a duas tenebrosas guerras (Iraque e Afganistão), sob argumentos mentirosos de combate às supostas armas de destruição em massa nunca encontradas no apelidado por ele de "eixo do mal". Ademais, se Romney ganhar, a síndrome do cara é a volta do crescimento americano sob pau e pedra, ou melhor, sob gelo e pedra. Explico: Mr. Romney vai detonar de vez o Ártico com a exploração de petróleo, minerais e navegação marítima, que tecnologia, cobiça e gosto pra por mãos à obra, ele tem muita. Então, que vença,  Obama.

George Alberto de Aguiar Coelho

Fontes:
http://www.washingtonpost.com/blogs/the-fix/wp/2012/10/16/winners-and-losers-from-the-second-presidential-debate/
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,questao-do-ataque-na-libia-foi-decisiva-para-vitoria-de-obama-em-debate,946483,0.htm
http://clesnes.blog.lemonde.fr/2012/10/16/la-resurrection-dobama/



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Te alui, Heitor! Desce do muro!

Meu voto é nulo
Da vida, tou fulo
Não saio do muro
Pra "Poste" ou "Pinguim".
Eu sou o que sou
Meu nome é Heitor
Eu só, sim Senhor,
Só voto em mim.

George Alberto de Aguiar Coelho

Mote:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=444642742244313&set=a.245770178798238.55917.188579854517271&type=1



Non si può governare la Chiesa con le Ave Maria

Traduzindo o título: "Não se pode governar a igreja com Ave Maria". A frase é do Cardeal Paul Marcinkus, famoso personagem em casos sombrios que envolveram o Vaticano. Dentre os quais, a aliança do Banco do Vaticano com o Banco Ambrosiano, dirigido por um capo da Máfia. Lembro-me bem do caso que deu uma quebradeira no sistema bancário italiano e um rombo enorme nas contas do Vaticano. Advertido do escândalo, o bondoso e honesto Papa Luciani (João Paulo I), colocou Monsenhor Marcinkus em sua alça de mira. 
Não deu tempo pro tiro, pois João Paulo I morreu incontinenti com suspeita de envenenamento, não confirmado pois não fizeram autópsia no corpo. O episódio consta em um dos filmes da trilogia The Godfather (O Poderoso Chefão), dirigido por Francis Ford Coppola. Na película, inclusive tem uma cena ímpar que é a benção admoestativa do Cardeal João Paulo I à personagem interpretada por Al Pacino que, se não me engano, chora ao recebê-la. Após o "assassinato" de João Paulo I, o personagem maior de O Poderoso Chefão  vinga Sua Santidade e, emblematicamente, como se não houvera mais jeito senão a violência na vida, continua no crime, diferentemente do que lhe aconselhara o papa morto. 
O sucessor do papa João Paulo I foi o polonês Karol Józef Wojtyła que tomou o nome de Papa João Paulo II. Anticomunista ferrenho, Wojtyła manteve Monsenhor Marcinkus no cargo e, por meio de transações financeiras que bem dominava o Monsenhor, este veio a contribuir com generosas doações ao Solidarnosk, sindicato dirigido por Lech Walesa, responsável maior pela derrubada do regime comunista na Polônia.
Vi Marcinkus protegendo João Paulo II, enquanto o papamóvel usado por  Sua Santidade percorria as ruas da Fortaleza de 1980, quando os dois estiveram aqui. Meu pai, Adauto Coelho, os fotografou, em preto e branco, a ambos, Papa e Monsenhor. 

George Alberto de Aguiar Coelho


 
Fotos tiradas por Adauto Coelho do Papa João Paulo II, na Br 116 em Fortaleza, em 1980, quando o papa-móvel se dirigia ao Castelão

Fontes: http://www.jornalpequeno.com.br/2007/9/20/Pagina64305.htm
http://www.paulopes.com.br/2012/06/ex-presidente-do-vaticano-teme-ser.html#.UH1KZsVWpwB