quinta-feira, 12 de abril de 2012

As árvores nos surpreendem


 

As árvores (Olavo Bilac)
Olha estas velhas árvores, — mais belas,
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .


O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .


Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,


Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Incrível o desprezo de muita gente e governo da minha cidade, Fortaleza, pelas árvores. Amanhã, 13.04.2012, a cidade completa 286 anos e tudo será festa. Mas um dia desses, aproveitando um feriado de carnaval, deixamos que fossem decepadas e arrancadas aos troncos dezenas de árvores da urbe. Um quarteirão inteiro de árvores, pássaros e insetos sucumbiram à sanha imobiliária em plena Aldeia, Aldeota. Nenhum pio dos órgãos governamentais. Silenciaram cúmplices na covardia do ato ignóbil. Morremos um pouco, de tristeza, um muito, de vergonha.

Beira a estupidez crônica o verdadeiro horror que se tem pelas árvores. Pelo menos, me fica essa impressão. Sim, porque, por aqui, se as arrancam do solo pelos motivos mais fúteis. Servem de razão maluca desde a caída das folhas, para dar melhor visão, porque se encheram de insetos, porque suas raízes levantaram as calçadas, porque podem cair nos carros, para dar lugar a estacionamentos, porque se vai passar uma rua, porque tá fora do alinhamento da obra e por aí vai. 

E a rejeição que se tem a esses viventes é parte de uma cultura antiga. Se algo queríamos descartar como lixo, se dizia: vou rebolar no mato.  Arrancar o mato era o mesmo que eliminar árvores, arbustos e ervas, com os agregados seus pássaros, sapos, manés-magos, besouros, borboletas. E a brabeza ferina em novos dias, engrossou com a tecnologia e  a gana do dinheiro. Como se fazem podas por aqui? Verdadeiros mutilamentos que comprometem e são motivo de morte de muitas árvores. As feridas não se cicatrizam e, por elas, as árvores contaminam-se doentes de bactérias, fungos etc. que as levam à morte. As concessionárias de energia elétrica, telefone, TV a cabo fazem sua parte. Querem tudo bem limpo, pra não ter mais trabalho, menos gasto. Então, que aja a moto-serra a bel prazer. 

Mas, em resposta, as árvores continuam a nos ensinar, a nos encantar, como nos versos de Olavo Bilac e a nos surpreender, como na reportagem abaixo do The New YorkTimes.

Árvores são usinas mágicas. Árvores embelezam o ambiente e trazem a alegria, o grito dos saguis, o canto dos passarinhos. Só isso bastaria para tê-las. Mas, não é só. Com a fantástic reação química da fotosíntese, transformam a luz solar, mais o gás carbonico e a água em alimentos, oxigênio e madeira. Sem árvores, se respiraria veneno, CO2 dos carros e fábricas. Os pulmões se agregariam de material tóxico. O aquecimento global se intensificaria. Sim, as árvores baixam em até 10 graus a temperatura nas suas proximidades. Filtram radiações do sol, a maioria maléficas aos humanos. Árvores aprisionam  materiais tóxicos provenientes do lixo que a gente mesmo produz e descarta. Estabilizam o solo, evitando erosões, desmoronamentos. Absorvem a água impedindo inundações. Ao se decomporem, geram ácidos que alimentam os plânctons dos mares, responsáveis primeiros pela cadeia alimentar. Ambientes com árvores aliviam o estresse, a angústia, evitam depressões, mais doenças nervosas, males respiratórios, cancros vários. 

Isso é só um pouco do que as árvores fazem por nós. E diversos dos benefícios que nos trazem são ainda desconhecidos. Porém, muitas espécies de árvores já foram extintas e outras correm o risco de se acabarem pela degenerescência provocada com o aniquilamento sistemático delas feito pela ação do homem. Não acredita? Então veja a reportagem abaixo. Use o Google Tradutor, se o inglês atrapalhar. Mas, pelo amor de Deus, aprenda a gostar, se já não gosta, das árvores. Proteja-as.

Texto de George Alberto de Aguiar Coelho

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