terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O futebol de Videla

Aquele jogo não me sai da memória. No mesmo dia, umas poucas horas antes, o Brasil vencera a Polonia por 3 a 1. A Argentina jogaria a seguir pela classificação. Teria de vencer o Peru com 4 gols de diferença. E ganhou por 6 a 0. Brasil eliminado, o final da copa de 1978 foi disputado entre Argentina e Holanda. Hermanos venceram bem, na prorrogação. Ainda no aeroporto, quando da volta do escrete brasileiro, Claudio Coutinho, treinador do Brasil, cunhou  a expressão: Fomos os campeões morais. E fomos mesmo. Pelo menos ficou essa aparência que mais se acentua com as notícias da reportagem do link abaixo.


Em resumo, diz o jornal português a partir de depoimento do então perseguido político peruano, o ex-senador Genaro Izquieta, teria havido uma negociação do resultado do jogo, pra levar a Argentina à final com a Holanda. O resultado favorável à Argentina foi assegurado por trigo e mais 13 prisioneiros peruanos opositores do regime, dentre os quais Izquieta, enviados à Argentina pelo Peru, ambos parceiros na Operação Condor. Quando na prisão, Izquieta, foi ainda testemunha do metralhamento de argentinos pela ditadura Videla. Os 13 presos peruanos só escaparam da morte por ter havido forte pressão internacional, motivada pela divulgação de uma foto tirada quando do desembarque do grupo na Argentina.


Quanto à negociação mencionada, o primeiro bem de troca, trigo, serviria para consumo humano. Os segundos, para devoragem dos peixes, pois os 13 insurgentes peruanos seriam arremessados ao mar em chutes de coturnos que a ditadura agonizante de Jorge Raphael Videla (1976-1981) muito bem dominava.


George Alberto de Aguiar Coelho

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