sábado, 10 de dezembro de 2011

Plebiscito no Pará

Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Carajás? Não.
Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós? Não.

Se votasse no plebiscito da divisão do Pará, faria assim. Como não voto, posso muito dar minha opinião de brasileiro que, embora não conheça o Pará, pelo menos de ter posto os pés no estado, sabe de seu gigantesco potencial econômico e natural.

Quando os portugueses nos tinham como colônia, o Maranhão e o Grão-Pará eram tratados de forma distinta ao Brasil. Tinham administração própria. Seja pelas dificuldades de navegação contra correntes marítimas de Pernambuco para o Norte e vice-versa; seja pela insalubridade da região amazônica, a divisão demorou e quase foi reacesa no inicio do império. Assim, a gigantesca área, que chegou a abranger o Piauí e também o Ceará, foi a última a se libertar de Portugal. Com a exploração da borracha, o Pará, principalmente sua capital Belém, e a capital do Amazonas, Manaus, tiveram um grande surto de desenvolvimento econômico. Findou-se o progresso com o tráfico de seringueiras para a Malásia a mando do império britânico. Bem recente, o ouro de Serra Pelada, descoberta por garimpeiros, escoou em toneladas escondidas para fora do país, sob às vistas intervencionistas e incompetentes de militares que a ocuparam. Serra Pelada, de serra vistosa que era, virou um medonho buraco cheio d´água dado em concessão mineral. E o ouro da serra, como antes se dera com as minas de Minas, não serviu ao Brasil, não serviu aos paraenses.

Porém, hoje, há uma nova oportunidade de desenvolvimento da região: Carajás. O ferro de Carajás, o maior em quantidade e o melhor em qualidade do mundo, se bem administrada sua exploração, poderá tornar o Pará um dos mais desenvolvidos estados brasileiros. Mas aí se fala em dividir o estado paraense. Pra que se dividir o Pará? O argumento preponderante dos separatistas é que as regiões dos futuros estados, formados com a divisão, regiões, que se diz hoje, abandonadas, se desenvolveriam como aconteceu com o estado de Tocantins, desmembrado que foi de Goiás. O raciocínio, surgido de encomendas feitas à empresa de consultoria paga para defender à divisão, parece não ter firmeza, frente a dados que indicam não variarem significativamente os índices de pobreza no estado. Ainda, se assim fosse, pergunto: é preciso que se esquarteje um estado para levar desenvolvimento às regiões mais pobres? Não creio em argumento tão débil, ou não teríamos, o estado de Alagoas, um dos menores estados da União, quase tão pobre quanto o gigante Maranhão. Em ambos, como no Pará, oligarquias dominam a política.

O estado do Pará é o segundo maior estado em extensão territorial do Brasil. Se passasse a divisão, adviriam desta três estados: Pará, Carajás e Tapajós. Para o novo Pará restariam 17% do atual território que é de 1,2 milhão de km², teria Belém como capital. Carajás ficaria com 25% do atual Pará, sua capital seria Marabá. Tapajós ficaria com a maior extensão, 58%, e a capital seria Santarém. Quanto ao Brasil, de 26 estados, mais Distrito Federal, acrescentaria 2.

O que tal acréscimo traria de bom ao Pará é incerto, mas o que de ruim adviria ao Brasil não tenho dúvidas. De pronto, a necessidade de construir e manter estruturas governamentais e administrativas caríssimas pra cada um dos dois novos estados. Tribunais de justiças, de contas, assembleias, apêndices federais, palácios e residências pra dois novos governadores, vices e mais deputados estaduais pululariam às custas de verbas públicas. No Congresso Nacional, pelo menos mais oito novos gabinetes dilatariam a já obesa e dissipadora Câmara dos Deputados; mais seis senadores, assessores legislativos receberiam sem ter muito o que fazer e até onde sentar. Ademais, dúvidas restariam quanto ao interesse de natureza estratégica da divisão.

Quais os motivos de fundo para se criar agora um novo estado - Carajás - que concentra as maiores reservas de minério do mundo? O que se esconde nos desejos de adventícios, recentes ocupantes de área agrícola, e das festivas ONG´s na criação de Tapajós, estado que seria predominantemente formado por reservas indígenas e o restante plantado com soja transgênica fornecida por  uma empresa só? O que tem a ver as usinas hidrelétricas construídas no Pará, como Tucuruí que só perde em potência para Itaipu, e as usinas em projeto ou construção, como Belmonte (terceira do mundo, se trabalhasse de forma plena) e as cinco do complexo Tapajós (quase uma Belmonte plena), pois bem, o que tem a ver tais hidrelétricas com a cobiça divisionista?  Serão em parte os interesses separatistas no Pará semelhantes aos dos que buscam para si o pedaço melhor de outro estado, também ameaçado de esquartejamento, o Piauí?

Chega de divisões, De nada servem, a não ser atender aos desejos de ampliação de grupos de políticos, para replicarem arcaicas políticas de dominação. Divisões do jaez escondem interesses escusos, contrários ao Brasil. O país não comporta mais sentimentos divisionistas. O Pará não se divide! O Brasil não se entrega!

George Alberto de Aguiar Coelho

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